segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Como usar o I-CHING ?





O I Ching nos ajuda a esclarecer até as menores questões práticas, porém, sua função mais nobre - como fonte inesgotável de ensinamentos - é a de nos despertar e guiar na busca do conhecimento superior. Seu nome, Livro das Transmutações ou das Mutações, ou ainda das Transformações, já indica que seu conteúdo contém as leis fundamentais dos movimentos cósmicos, nos quais se incluem a vida e o destino dos homens.

O I Ching é também portador do segredo da longevidade. Seus símbolos básicos, tirados da própria natureza - céu e terra, fogo e água, lago e vento, montanha e trovão - são facilmente transmitidos através das gerações e tornam-se mais compreensíveis quando traduzidos para outras línguas.

O Livro está constituído essencialmente de 64 conjuntos de símbolos, que revelam detalhadamente as 64 etapas dos ciclos universais, tais como os santos sábios observaram no céu e na terra. Traduzidos genericamente por hexagramas, cada um desses conjuntos ou seções contém os seguintes elementos:


ideograma, isto é, a escrita do nome chinês, por si só repleto de significados simbólicos. 


hexagrama propriamente dito, que é a representação abstrata, geométrica, de cada estágio de transmutação. Recebeu esse nome, nas línguas européias, por ser constituído de 6 linhas. 


texto, também chamado julgamento ou oráculo, que revela em linguagem simbólica o significado do hexagrama. Cada julgamento vem acompanhado decomentários e interpretações que ajudam a traduzir o ensinamento do texto.
imagem ou símbolo, que consiste em um modelo de conduta, um verdadeiro conselho estratégico, para lidar com a situação indicada pelo hexagrama.

O texto das linhas, em número de seis, que indicam as alternativas de transformação das condições retratadas no hexagrama.

Nota sobre o Nome:
I Ching é a grafia corrente no Brasil. Aparece também Yi King em algumas transliterações francesas e inglesas. No entanto, a melhor grafia seria Yìjïng, segundo a transcrição oficial chinesa, denominada Pinyin, que é utilizada atualmente pela ONU, UNESCO e demais organismos internacionais.

O I Ching pode ser usado de modo oracular. Essa função difere grandemente de outros métodos como Tarô, Runas, Cartomancia, Jogo de Búzios e Quiromancia, pois não pretende “prever o futuro”, mas indicar aonde se poderia chegar à partir de uma dada situação atual ou próxima. Ele mais “aconselha” do que “prevê”, mostrando os fatores que estão influindo na situação consultada.
Suas respostas cheias de significado, muitas vezes são tomadas com surpresa pelo praticante, tamanha a vivacidade de suas afirmações. Não raro os consulentes tem a impressão de ser algo vivo que está a explicar a situação.
Existem muitas interpretações diferentes para a forma de agir do I Ching. C.G. Jung acreditava que o I Ching colocava o consulente em contato com arquétipos de sabedoria, daí as respostas virem do Inconsciente Coletivo através da Sincronicidade. Outros crêem que a estrutura matemática e binária do I Ching funcione de maneira absolutamente lógica, como se fosse um computador primitivo. Dessa forma, desdenham qualquer crença relacionado ao seu funcionamento, considerado por eles como “científico”. Outros, mais exaltados, acreditam que antigos espíritos induzem a queda das moedas ou o jogo de varetas, levando-os a encontrar a resposta correta. A verdade provavelmente está em algum lugar entre as colocações anteriores, nem muito “científico” e nem muito “místico”.
Livro de Sabedoria
O I Ching também pode ser utilizado como livro de sabedoria, para estudo filosófico. Seus textos estão carregados com o que existiu de mais expressivo na cultura chinesa antiga e pode ser lido como se fosse um livro filosófico normal. Muitas pessoas desdenham a parte oracular, afirmando ser o I Ching um manancial de sabedoria. Mas a verdadeira sabedoria possui muitas faces, daí ser tão importante estudar sua sabedoria como usá-lo em questões mais práticas.
O Livro das Mutações possui raízes muito fortes no Taoísmo, sendo portanto um veículo importante para o estudo, a compreensão e a utilização prática dos princípios taoístas. Muitas das artes taoístas foram influenciadas ou baseadas nessa obra, como o Kung Fu Pa Kua Chang e a Alquimia Taoísta, por exemplo.
Mas para se estudar o I Ching de modo taoísta, é importante que observemos que os comentários são atribuídos a Confúcio e outros sábios. O núcleo principal, formado pelos hexagramas e suas linhas, é que é o verdadeiro cabedal de sabedoria taoísta, explicado de maneira muito concisa por Wen Wang e o Duque de Chou. É comum as pessoas tomarem os comentários pelo texto principal, chegando inclusive a afirmar que o I Ching é um “livro de regras morais”, quando o Taoísmo é uma filosofia amoral. A função do livro nunca foi indicar o caminho correto a ninguém, mas tão somente mostrar várias abordagens do problema e deixar o consulente tomar sua própria decisão, de acordo com sua formação moral ou sua índole, sem influenciá-lo. O Livre Arbítrio em sua forma mais antiga!
Se você que saber mais envie um e-mail para ichingcampinas@gmail.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A história do Livro

O I Ching é considerado o mais antigo livro da China. Sua origem, ou pelo menos a de seus oito símbolos fundamentais, denominados trigramas, é atribuída a Fu Xi, que teria vivido por volta de 5500 anos antes de Cristo, para alguns, ou 2850 a.C., para outros. É pela combinação dos 8 trigramas que se formam os 64 hexagramas, portadores do corpo de ensinamentos do Livro.

Fu Xi, esse lendário imperador, também é representado como um deus-montanha. A fonte inspiradora do Livro remonta à Era de Ouro da humanidade, durante a qual se diz que os guias e instrutores bebiam direto da fonte da consciência.
O segundo personagem ligado ao I Ching é o Rei Wen, fundador da Dinastia Chou (1121-256 a.C.), a quem se atribui a autoria dos 64 Julgamentos, ou seja, os textos que explicam os hexagramas. Decorridos 4400 anos desde os tempos de Fu Xi, e estando mais afastados da fonte, mesmo os buscadores do conhecimento tinham necessidade de maiores ajudas e orientações para compreender os símbolos primordiais que começavam a parecer herméticos.
Ao Duque Chou, filho do Rei Wen, são atribuídos os textos das 6 linhas de cada um dos 64 hexagramas, num total de 384 "Julgamentos das linhas". Com ele completaram-se os textos tradicionais do Livro, que hoje contam mais de 3000 anos.
Finalmente, coube a Confúcio (551-479 a.C.) dar ao I Ching a feição que conhecemos modernamente. Seus comentários, registrados em 7 obras, boa parte das quais agregadas ao corpo do próprio Livro, facilitam a aproximação aos ensinamentos esotéricos dessa corrente de transmissão espiritual .
O contato do mundo ocidental com o I Ching se estabelece a partir do final do século XVII, através dos relatos dos jesuítas que residiam na corte de Pequim. A primeira tradução completa do livro para o latim, feita pelo Padre Regis, surgiria apenas em 1834. No final do século XIX outras duas versões, de Legge e Filastro, ampliam a divulgação do livro na Europa.
Atualmente, a mais respeitada versão ocidental do I Ching é a feita por Richard Wilhelm, um pastor protestante que viveu muitos anos na China. Feita de início para o alemão, foi a seguir traduzida para praticamente todas as línguas ocidentais. As principais publicações disponíveis em português são apresentadas na Bibliografia.
É um acontecimento extraordinário que religiosos católicos e protestantes tenham reconhecido a profundidade dos ensinamentos do I Ching e enfrentado todas as dificuldades que trazem a tradução de um clássico chinês. Trata-se de mais uma evidência do poder incomparável desse legado para a humanidade, que encontrou uma linguagem a tal ponto universal, que não levanta reações de natureza religiosa nem obstáculos culturais intransponíveis para tocar a alma de todos os seres que buscam qualidade.

O que é o I-CHING

O I Ching, ou Livro das Transmutações, é um texto de sabedoria incomparável. De origem chinesa, ele integra o restrito grupo de livros que constituem o mais elevado nível do patrimônio espiritual da humanidade. Mas esse Livro tem um diferencial notável: é utilizado, desde a Antigüidade, como oráculo e orientação para os mais variados assuntos que desafiam o cotidiano dos homens.

Esta obra é a versão mais abalizada deste clássico da sabedoria oriental, a partir da versão do original chinês para o alemão realizada e comentada pelo sinólogo alemão Richard Wilhem, incluindo o prefácio da edição inglesa de C.G. Jung.

Tendo como mestre e mentor o venerável sábio Lao Hai Hauan, que lhe possibilitou o acesso direto aos textos escritos em chinês arcaico, Richard Wilhem pôde captar o significado vivo do texto original, outorgando à sua versão uma profundidade de perspectiva que nunca poderia provir de um conhecimento puramente acadêmico da filosofia chinesa.

Utilizado como oráculo desde a mais remota antiguidade, o I Ching, considerado o mais antigo livro chinês, é também o mais moderno, pela notável influência que vem exercendo na ciência, na psicologia e na literatura do Ocidente, devido não só ao fato de sua filosofia coincidir, de maneira assombrosa, com as concepções mais atuais do mundo, como também por sua função como instrumento na exploração do inconsciente individual e coletivo.

C.G. Jung, o grande psicólogo e psiquiatra suíço, autor do prefácio da edição inglesa, incluído nesta versão, e um dos principais responsáveis pelo ressurgimento do interesse do mundo ocidental pelo I Ching, resume da seguinte forma a atitude com a qual o leitor ocidental deve se aproximar deste Livro dos Oráculos:

"O I Ching não oferece provas nem resultados; não faz alarde de si nem é de fácil abordagem. Como se fora uma parte da natureza, espera até que o descubramos. Não oferece nem fatos nem poder, mas, para os amantes do autoconhecimento e da sabedoria - se é que existem -, parece ser o livro indicado. Para alguns, seu espírito parecerá tão claro como o dia; para outros, sombrio como o crepúsculo; para outros, ainda escuro como a noite. Aqueles a quem ele não agradar não têm por que usá-lo, e quem se opuser a ele não é obrigado a achá-lo verdadeiro. Deixem-no ir pelo mundo para benefício dos que forem capazes de discernir sua significação."